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Homilias

Escrito em 13/10/2017

Solenidade de Nossa Senhora Aparecida

Esta celebração recorda-nos a presença constante de Nossa Senhora na vida da Igreja, na vida do povo do Centro-Oeste e de todo o povo brasileiro

Solenidade de Nossa Senhora Aparecida
Concelebraram com Dom Washington, Mons. Aldorando Mendes; Pe. Alaor Rodrigues e o Diácono Dino. Foto: Rudger Remígio

Est 5,1b-2; 7,2b-3/Sl 44/Ap 12,1.5.13a.15-16a/Jo 2,1-11

A Solenidade de hoje recorda a proteção da Virgem Maria, sua presença materna e consoladora, experimentada em 1717, faz trezentos anos, por três pobres pescadores, na aurora de nossa história nacional. As redes vazias dos pobres quase se romperam pela abundância de peixes, após o “aparecimento” da imagem enegrecida da Imaculada Conceição. Desde então, aquela imagenzinha humilde e feiosa recorda ao povo brasileiro a presença materna da Mãe do Senhor na nossa história e na nossa terra. Sim, hoje a festa é nossa, do povo de Goiás; desde o ano passado o nosso povo e o do Distrito Federal, recebendo a imagem peregrina, em suas paróquias e comunidades, cantaram com devota gratidão: “Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Salve a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!”.
 
Esta presença materna, carinhosa, providente e atuante da Virgem Santíssima é ilustrada de modo admirável nas leituras da Palavra de Deus, que acabamos de ouvir. Primeiramente, a Virgem é evocada pela rainha Ester, que arriscou a vida para salvar o seu povo da condenação à morte. Quem não se comove com o apelo da Rainha? “Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida – eis o meu pedido! – e a vida do meu povo – eis o meu desejo!”. 

Como tais palavras cabem na boca da Mãe do Senhor! Ela, perfeita e completamente salva e redimida de todo pecado por pura graça de Deus; ela, a Agraciada! Mais que ninguém, ela pode cantar as palavras de Isaías, que o Missal coloca no início da Eucaristia deste dia: “Com grande alegria rejubilo-me no Senhor, e minha alma exultará no meu Deus, pois me revestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas joias”. Maria Virgem, totalmente agraciada, totalmente salva por Deus, não se esquece de nós, filhos que o Filho lhe deu ao pé da cruz: “Salva a vida do meu povo – eis o meu desejo!” Ela é a Mulher do Apocalipse, em luta constante contra a serpente, o antigo Inimigo, que ameaça o povo de Deus; ela é a Mulher que, em Caná, intercede pelos esposos, ensina-nos a fazer o que o Filho disser e cuida para que a água das nossas pobrezas e das nossas angústias seja transformada no vinho da alegria, fruto da ação do Espírito do Cristo ressuscitado.

Esta celebração recorda-nos a presença constante de Nossa Senhora na vida da Igreja, na vida do povo do Centro-Oeste e de todo o povo brasileiro e na vida de cada um de nós. Não poderia ser diferente! Foi o próprio Cristo quem deu a ela essa missão materna em relação a nós, seus discípulos amados. Recordemo-nos da cena dramática no Calvário. Jesus diz à sua Mãe, indicando o Discípulo Amado, que é cada um de nós, cada cristão, católico ou não: “Mulher, eis o teu filho!” (Jo 19,26). Não foi ela quem escolheu ser nossa Mãe. Não! Foi o Filho mesmo quem lhe deu a missão: “Eis o teu filho, os teus filhos, Virgem Maria! Tu és a Mulher do Gênesis, inimiga da serpente; tu és a Mãe dos viventes, a verdadeira Eva!” Fidelíssima à vontade do Senhor, como sempre foi, a Virgem vela por todos os cristãos; até por aqueles que não lhe têm amor e veneração, chegando mesmo a difamá-la! Mãe dos discípulos do Senhor Jesus, Mãe da Igreja, Virgem Maria! Foi esta maternidade tão amorosa, fecunda e providente que o povo brasileiro experimentou às margens do rio Paraíba do Sul, quando a imagem enegrecida da Imaculada apareceu nas redes dos pescadores. É esta maternidade que nós experimentamos continuamente em nossa vida. Quem de nós não tem uma história para contar a respeito da presença da Virgem no nosso caminho? “Filho, eis a tua Mãe!” (Jo 19,27). Não fomos nós que escolhemos Maria por Mãe. Cristo mesmo, no-la deu como aconchego materno. Na cruz, ele olhou para o Discípulo Amado, para cada um de nós, e deu-nos sua Mãe: “Filho, eis a tua Mãe!” Que generosidade, a do Senhor: deu-nos tudo, seu corpo, seu sangue, sua vida… deu-nos sua Mãe! Realmente, amou-nos até o fim (cf. Jo 13,1). Jesus olha para todo cristão – católico ou não – e indica: “Eis a tua Mãe!” E o Evangelho diz qual deve ser a atitude do discípulo ante um dom tão generoso, tão belo, tão grande: “A partir daquele momento, o discípulo a levou para sua casa” (Jo 19,27). Todo discípulo de Cristo tem o dever de acolher o dom do Senhor, o dever de levar a Mãe de Jesus – agora Mãe de cada cristão – para sua casa. Não fazê-lo é desobedecer a um preceito expresso e claro do Senhor, é privar-se de tão grande dom! Por isso, mil vezes tem razão o povo brasileiro em orgulhar-se hoje de ter Maria por Mãe. Tem razão o nosso povo de tê-la proclamado Rainha e Padroeira do Brasil!

Virgem Mãe Aparecida, Mãe de Deus e nossa! Vela pelo povo de Goiânia, de Goiás, do Centro-Oeste e por todo o povo brasileiro. Acolhe nosso brado filial! Intercede com tua oração materna por nossos governantes: que sejam retos, justos, servidores do bem comum, sobretudo dos mais necessitados!

Sê consolo para quem chora, força para quem se encontra alquebrado, inspiração e encorajamento para os pobres, saúde para os enfermos e rosto maternal de Deus para todos nós! Vela pelas crianças, mantém na harmonia as nossas famílias, os nossos jovens, as nossas crianças, os nossos idosos e os nossos enfermos; vela pela paz no campo e nas cidades!

Senhora Aparecida, protege a Santa Igreja em terras brasileiras! Roga pelo clero, pelos religiosos, por todo o povo de Deus!

Ajuda-nos, Mãe de Deus-Jesus e Mãe nossa, ajuda-nos a construir um Brasil mais cristão, mais justo, mais pacífico e solidário… e que, pelas tuas preces maternas, jorre para nós o vinho bom da alegria e sejamos todos, um dia, herdeiros do Reino dos céus. Amém!

Catedral Metropolitana, 12 de outubro de 2017
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia

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