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Homilias

Escrito em 26/11/2017

Homilia Dia do Leigo e Abertura do Ano Nacional do Laicato

Dom Washington Cruz presidiu abertura do Ano do Laicato, na missa das 11h30, na Catedral

Homilia Dia do Leigo e Abertura do Ano Nacional do Laicato

Início do ano nacional do laicato
Ano A 26/11/2017

Dom Washington Cruz
Arcebispo Metropolitano de Goiânia

Meus irmãos e minhas irmãs,

O último domingo do Ano Litúrgico é a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. Verdadeiramente, Jesus Cristo é o centro do cosmos e da história. A história se conta antes de Cristo e depois de Cristo, porque o acontecimento da encarnação redentora, marcou o antes e depois desse acontecimento, e Jesus Cristo é o final da história humana porque nele tudo estará recapitulado e para ele confluirão todos os caminhos da história.

Jesus Cristo viveu essa consciência conforme relato do Evangelho de São João. “Pilatos lhe perguntou: “Então, tu és o Rei dos Judeus? Tu o dizes, eu sou rei” (Jo 18,37). Jesus tem consciência de ser rei, ainda que não seja como os demais reis deste mundo. “O meu reino não é deste mundo” (Jo 18, 36). Ele veio para dar testemunho da verdade, para ensinar o caminho do verdadeiro amor, para conquistar os nossos corações com a força do seu amor, que não supõe violência, nem imposição, mas que convence pela força do amor. 

Nenhuma organização social, entre as que encontramos ao longo da história, satisfaz os nossos desejos de amor, de justiça e de paz. Os homens públicos, para alcançar o poder em tempos de campanhas, fazem todo o tipo de promessas. Em breve, porém, a ferrugem dos defeitos das pessoas, juntamente com aqueles defeitos que se atrelam oportunisticamente ao caro de triunfo, mostram que muitos estão mais interessados em serem servidos do que em servir os outros. A política é a arte do possível e, no meio da floresta dos interesses e compromissos mútuos, o canto do possível vai ficando cada vez mais reduzido. Tudo isso deixa nas pessoas uma profunda desilusão, porque espera dos homens aquilo que eles não são capazes de dar.

Os israelitas fizeram a experiência de um reino que acabou por fracassar. Primeiro a nação dividiu-se em duas que se hostilizaram. Mais tarde, por causa da sua infidelidade ao Senhor, acabaram por perder a independência, tendo sido levados cativos para o exílio da Babilônia, a cerca de mil quilômetros de sua pátria. É nesse contexto que o Senhor os promete, pelo profeta Ezequiel, a fundação de um novo reino, que o próprio Deus governará diretamente. Assim diz o Senhor Deus: “Vede, eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas”. O cumprimento dessa promessa messiânica se realizou com a fundação da Igreja. Jesus Cristo é a sua cabeça e o Espírito Santo sua alma, e todos nós somos membros do seu corpo. 

De fato, é Cristo pessoalmente que, embora de modo invisível, age na sua Igreja. Anuncia a Palavra, administra os sacramentos e perdoa os pecados. Para que possa parecer visivelmente, escolheu o pastor universal da Igreja, o papa, que governa em seu nome o rebanho dos fiéis, mantendo-o unido e procurando as ovelhas desmaiadas. E já na Igreja local, o bispo diocesano governa em nome de Cristo a porção do Povo de Deus que lhe foi confiada, ajudado pelo presbitério. O mistério da Igreja realiza, pois, em nossos dias, essas palavras proféticas de Ezequiel, anunciadas durante a noite dolorosa do cativeiro da Babilônica. É seguindo o Cristo, Bom Pastor, que chegaremos à glorificação final. 


Hoje é o Dia dos Leigos e começa o Ano Nacional do Laicato. O texto de Ezequiel define a missão de todos nós, Clero e Laicato, porque todos participamos, cada um a seu modo, da missão de Cristo, Bom Pastor. Fomentar a comunhão entre todo o rebanho e deste com Deus, por meio dos seus pastores, procurar a ovelha perdida e reconduzir a extraviada e enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente. Assumindo, ao mesmo tempo, o papel de ovelha e bom pastor para socorrer as mais fracas. Muitos entendem a sua vida na Igreja como uma possibilidade de receber prontamente aquelas ajudas espirituais, que ela, Igreja, pode oferecer. Rezar, frequentar a Eucaristia dominical e os Sacramentos, e marcar os grandes momentos da vida com o sinal cristão: Batismo, Matrimônio e Exéquias. Há ainda quem entenda que pertencer à Igreja é entrar num meio de transporte sem qualquer preocupação da sua parte, que os levará ao céu. 

O Senhor delineou a sua Igreja como uma família, e nesta, a virtude fundamental é a solidariedade, ou seja, a comunhão, a caridade mútua, com todas as consequências. Devem-nos fazer pensar as lições do Evangelho de hoje, no entardecer da vida te examinarão pelo amor – nos recorda São João da Cruz, aludindo à passagem do Evangelho deste domingo. Seremos examinados pelo Rei do amor. “Tive fome e me destes de comer”. Quando? Como? “Todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes”. O resumo de toda vida cristã é o amor. Neste caso, o amor aos nossos irmãos necessitados, com os quais Cristo se identificou pelo mistério da encarnação. Jesus Cristo de alguma maneira se uniu com cada um. A encarnação não termina com sua humanidade santíssima, mas se prolonga em cada homem, cada mulher, que venha a este mundo, incorporando-o a este grande corpo, que é a sua Igreja. 

Cristo se disfarça no irmão faminto, sedento, nu, para provocar-nos à misericórdia para com ele, seus irmãos mais pobres, de maneira que nós também alcancemos misericórdia. Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Desta maneira, o amor cristão encontra seu caminho de ida e volta em Jesus Cristo. Primeiro porque ele nos amou até o extremo, e depois, porque ele colocou em nossos corações seu amor e no-lo reclama, provocando-nos desde o irmão necessitado. Ele é verdadeiro rei de amor, que, no fim da história, nos considera a herança do reino, preparado para o seu Pai, desde a criação do mundo para todos os eventos. Talvez encontremos aqui uma das razões mais importantes do aparente fracasso do reinado de Cristo em nossos dias. 

Há muitas pessoas boas que encolhem os braços. Não se cansam de olhar o espelho para se consolar com sua bondade, mas não fazem nada pelos outros. Corremos o risco de esquecer o principal do nosso ser Igreja. A lei fundamental é o amor, e o amor são obras e não apenas palavras bonitas para nos lembrar dessa necessidade imprescindível de nos entregarmos ao serviço dos irmãos mais carentes. O Senhor reúne, no primeiro dia da semana, seu povo, renovando o sacrifício que ofereceu ao Eterno Pai por nosso resgate e depois, enfim, pelas estradas do mundo, a levar essa mensagem de amor e de alegria. Nesta aventura em que nos lançamos desde o nosso Batismo, contamos com a ajuda da melhor de todas as mães. Invoquemos a sua ajuda para que, de mãos dadas, ajudemos todos a construir o reinado de Cristo. Amém!

Catedral Metropolitana de Goiânia, 26 de novembro de 2017, Festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo

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