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Homilias

Escrito em 30/03/2018

Homilia na Celebração da Paixão do Senhor

Na paixão e na Cruz de Cristo se condensa a história longa e dramática das infidelidades dos homens ao desígnio divino

Homilia na Celebração da Paixão do Senhor
Fotos: Rudger Remígio
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia
 
30/03/2018
 
Este dia santo, queridos irmãos e irmãs no Senhor, está centrado no mistério da Paixão, crucifixão e morte de Jesus; é um dia totalmente orientado à contemplação de Cristo na Cruz como nos evoca a sagrada Liturgia que estamos celebrando. Como diz o relato da paixão proclamado, nossos olhares se dirigem àquele transpassaram por nossos delitos”, ao coração atravessado do Redentor, em quem “estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Col 2, 3) e “reside corporalmente a plenitude da divindade”. 
 
Na paixão e na Cruz de Cristo se condensa a história longa e dramática das infidelidades dos homens ao desígnio divino; a paixão nos leva a meditar o grande mistério do mal e do pecado que oprimem a humanidade ao longo de sua história -não menos hoje, muito ao contrario-. Porém os sofrimentos de Cristo expiam este mal, tantíssimo mal; pela Cruz resplandece, na escuridão da histeria humana e em nossos dias, a vitória e a luz de um Amor, o de Deus, que é mais forte do que o pecado do homem, que a morte ou do que o “príncipe da mentira” que  instigou tanto mal e atolou o mundo nesse mal. É verdade, a cruz de Cristo revela” a largura, a altura e a profundidade” - as dimensões cósmicas e da totalidade da história, esse é seu sentido-, de um amor que supera todo conhecimento - o amor vai mais além de tudo quanto se conhece- e nos “enche até a total plenitude de Deus” (Cf Ef. 3, 18-19).
 
Se na Cruz, é certo, contemplamos e palpamos o amor sem medida de Deus, não menos certo é que também, à sua luz, contemplamos a gravidade e a tragédia de nossos pecados. Quem nos poderá livrar da iniquidade que pesa sobre nós? Quem poderá salvar-nos de nosso pecado? Só um pode salvar-nos, só o  amor e o poder de Deus podem arrancar-nos das raízes da culpa e da morte; só o Filho de Deus, “Cristo, que  morreu por nossos pecados”, segundo as Escrituras. Sim, irmãos, esta é a Boa Nova que escuta o homem, tu e eu, necessitado de redenção: Deus não nos  abandonou ao poder da morte mas se compadeceu, estendeu a mão a todos. No acontecimento da Cruz de Cristo se operou um giro decisivo na história dos homens;  começou o tempo do perdão, quer dizer, da compaixão e da misericórdia, da salvação. Deus, com efeito, entregou o seu próprio Filho por todos nós para que fossemos reconciliados com Ele por sua morte” na cruz. Ele nos  libertou de nossa conduta néscia e pecadora que herdamos e feita nossa; Ele nos resgatou, “não com algo caduco, ouro ou prata, mas com seu sangue precioso, como de cordeiro sem corte e sem mancha, Cristo”. E que preço tão caro Deus teve que pagar por nós: seu próprio sangue, pois o sangue de Cristo é o mesmo sangue de Deus. Cristo, por nós, se submeteu à morte e uma morte tão cruel e ignominiosa como a da cruz; por todos os homens, com quem se solidarizou na morte, carregando com a maldição do pecado; por todos nós que com nossas más ações o temos feito sofrer o suplício da Cruz: por todos, sem exceção alguma, por ti e por mim, Jesus morreu cravado no madeiro; por todos, já que não há, nem houve, nem haverá homem algum por quem Cristo não tenha padecido. 
 
Amou-nos até o limite insuspeito de dar sua vida por nós. Amou-nos  até ao extremo. Amou-nos e se entregou por nós; me amou e se entregou por mim; porque amou a Igreja e se entregou por ela. Aí descobrimos a verdade do homem, nesse amor de Jesus Cristo que é o amor e paixão de Deus pelo homem.
 
Por isso, sem Jesus Cristo Crucificado não saberíamos o que é a nossa vida, nem nossa morte, nem quem é  Deus nem quem somos nós mesmos. Por isso, como cantaremos na noite de Páscoa: “De que nos serviria ter nascido, se não tivéssemos sido resgatados?” 
A Cruz nos abre à esperança e a escuridão de sua dor nos abre à luz.
 
Jesus Crucificado é o paradoxo de um Amor, que, da humilhação, desgarra a treva e a desordem estabelecida neste mundo com a luz nova que vem de Deus vivente que o ressuscita dos mortos. A cruz, a morte fruto do pecado, não tem sua última palavra: a última palavra é de Deus que na Cruz da qual pende Cristo, seu Filho, rebaixado até ao abismo do nada com seu amor entregue por nós. E esse amor o há todo invadido, e o há todo preenchido, e assim até o próprio nada o vazio ficam absorvidos na plenitude do amor de Deus que nos arranca dos limites do nada e do vazio da morte. E mesmo, no que aos olhos do mundo é o fracasso humano da Cruz, se deu já o triunfo do poder de Deus que é seu amor, é a vida que triunfa sobre a morte. Vitória, tu reinarás, oh Cruz tu nos salvarás!
 
Adoremos irmãos o nosso redentor que por nós e por todos os homens quis morrer e ser sepultado para ressuscitar dos mortos e supliquemos-lhe, cheios de confiança e abertos à esperança Senhor, tem piedade! Senhor, escuta e tem piedade! 
Bem-vindos!

Bem-vindos!

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