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Escrito em 19/10/2017

Sr. José Rodrigues Carneiro: marco luminoso na história da Catedral

Para mim, foi um grande dom de Deus ter encontrado entre pessoas esplêndidas, o Sr. José Rodrigues Carneiro

Mons. Aldorando Mendes

Mons. Aldorando Mendes

Vigário Paroquial

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Foto: Fúlvio Costa

Muitas pessoas desfilaram pela minha vida no período que passei como pároco na Catedral. Recordo, encantado, tantos talentos variados, gestos de bondade, de dedicação aos irmãos... Fidelidade encantadora ao evangelho, desenrolados no desapego e num silêncio humilde...

Para mim, foi um grande dom de Deus ter encontrado entre pessoas esplêndidas, o Sr. José Rodrigues Carneiro, falecido em 1983: “Sr. Carneiro”, como o chamavam. Observava aquele senhor idoso, sério, voz grave e tranquila. Sempre trajado com paletó e gravata, passando pela nave da igreja em direção à capela do Santíssimo, onde se demorava por bons momentos.

Interessou-me a sua história: Ceará, Brasília, aposentadoria, Goiânia. Aos sábados voltava da chácara trazendo muita fruta para os internos do Abrigo Sagrada Família.

Além da doação, ia dar atenção a cada um dos internos. Os velhinhos ficavam presos ao calendário da semana esperando a chegada do sábado, dia da infalível e agradável visita.
Um dia, surpreendeu a Diretoria do Abrigo. Disse: “Até agora, dei coisas”, “mas quero dar mais: o meu tempo”. Desde então, aos sábados lá estava ele com os apetrechos para cortar cabelo e barba aos que o desejassem.

Um dia, tomei a decisão de o abordar. “Sr. Carneiro”, vejo que o senhor tem um bonito trato com Jesus na Eucaristia”. Aceita o convite da Catedral para exercer o sagrado serviço de Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão Eucarística?”. Aceitou com uma restrição: “Que ninguém me peça para ir ao microfone para fazer leitura. Não consigo!”. 

“Fique tranquilo, Sr. Carneiro, eu disse. Para esse serviço o Grupo da Liturgia dispõe de boa Equipe de leitores!”. Ele foi servidor constante e fiel. Assumiu o atendimento no Hospital Araújo Jorge, então sob cuidados pastorais da Catedral.

Numa reunião de avaliação, um dia, verificamos a estatística de enfermos atendidos naquela época nos seus domicílios pela paróquia por meio da ação dos Ministros da Eucaristia: em torno de 58. E era um grupo de 13 ministros.

Perguntei ao Sr. Carneiro: “E no Hospital Araújo Jorge?” Quantos consegue atender?
Ele disse: ”Visito todos os internos, toda quarta e sexta feira: em torno de 60!”

Mas não era visita de beija-flor. Sr Carneiro encantava a todos com quem conversava pela capacidade de escuta profunda, pois ouvia com o coração e a mente, sem pressa. Ouvia atento até o fim, transformando o ouvir na arte de participar daquilo que lhe era comunicado. Ouvia mais e falava menos para acolher tudo o que se lhe dizia. Em seguida, ”procurava se colocar no lugar do outro”, e lhe vinham palavras sábias para encaminhar o desenrolar da situação nas mãos de Deus. 

O tempo passa... Mas tenho sempre presente na minha vida de padre as lições deste leigo impregnado da presença de Deus.

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