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Escrito em 13/10/2017

Uma espiritualidade de risco e insegurança (Desafios da Missão)

Por toda parte, sobretudo em terras de missão, as situações de insegurança aumentam

Mons. Daniel Lagni

Mons. Daniel Lagni

Pároco

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As situações de conflito hoje desafiam a espiritualidade missionária. O papa São João Paulo II diz que o retorno dos mártires é um dos sinais mais eloquentes da missão do nosso tempo. O número de cristãos mortos violentamente, ao longo do século XX, chega a algumas centenas. Todos os anos, o número de missionários mortos de forma violenta é mais de três dezenas.
 
Por toda parte, sobretudo em terras de missão, as situações de insegurança aumentam. A geografia do martírio não se limita, como nos primeiros tempos do Cristianismo, ao espaço da confissão da fé. O martírio missionário, em nossos dias, não nasce tanto de uma profissão explícita da fé, mas da comunhão com os outros mártires: humilhados e excluídos da história. Chamemos-lhe campos de refugiados, fundamentalismo muçulmano, guerra étnica, intolerância religiosa, miséria estrutural, luta pelos direitos mais elementares. Esses são os espaços de martírio que hoje cobrem uma vasta geografia, sem tempo nem limites definidos.
 
Dois anos antes de serem assassinados na Argélia pelos integralistas muçulmanos, sete monges trapistas do Mosteiro de Thibirine fizeram, durante o Tríduo Pascal, um retiro, cujo tema foi precisamente o martírio, pregado pelo superior da comunidade, o padre Christian de Cherge. Ele falou de três espécies de martírio típicos da missão de hoje:  o martírio da caridade, o martírio da não violência ou dos inocentes, e o martírio da esperança.  
 
"O martírio da esperança fala-nos de uma confiança a toda prova no amor de Cristo pelo mundo
 
O martírio da caridade consiste em amar os outros até dar a vida por eles: ficar ao seu lado nas horas em que a comunhão, a solidariedade, é a única maneira de ficar ao lado de Cristo. É a missão da comunhão, da presença, da solidariedade. O martírio da não violência é o martírio dos inocentes, dos desarmados, dos despojados de todas as defesas, dos que não sabem se defender, nem têm quem os defenda. É a missão da incompreensão, a solidão da cruz, da “hora de Jesus”. O martírio da esperança fala-nos de uma confiança a toda prova no amor de Cristo pelo mundo, da paciência de Deus, do viver na fronteira e do refugiar-se nas trincheiras da retaguarda. É a missão da semente, do tempo que há de vir, do acolhimento dos tempos de Deus.
 
Antigamente, partia-se para a missão permanente, sem tempo para retornar às origens. A missão identificava-se com a Igreja missionária. Hoje, nunca sabemos até quando é necessária ou permitida. Somos hóspedes em terras estrangeiras; e o hóspede depende de quem o acolhe. O missionário além-fronteiras é um hóspede que estabelece sua morada na casa de outro povo e de outra cultura: 
 
• Ser hóspede é viver uma situação de dependência. É obrigação do hóspede acolher e valorizar o que lhe é oferecido. Não cabe a ele selecionar, mudar. Vive a gratuidade do ser acolhido, do ser incluído na cultura e no mundo do outro. Sua casa é a casa do outro. É casa emprestada na morada do outro.
• Ser hóspede é um desafio e uma condição necessária para o missionário. É na condição de hóspede que o missionário comunica e aprende, partilha, transmite e recebe, sabendo sempre que o Espírito Santo antecede sua chegada. 

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