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Escrito em 29/08/2018 por Fúlvio Costa

Caminhos para uma coordenação pastoral eficaz

Padre elencou os passos que precisam ser considerados quando o assunto é conduzir de maneira eficiente uma pastoral

Imagem Homilias
Fotos: Fúlvio Costa

A caminhada pastoral na vida da Igreja é sustentada em muito pelo compromisso dos cristãos leigos e leigas. O peregrinar do povo de Deus à Jerusalém celeste se faz por meio da realização e da vivência dos projetos de evangelização a partir da atuação do laicato. O Documento 105 da CNBB, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade – Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5,13-14)”, deixa isso claro em seu primeiro capítulo: “Os leigos que atuam nas nossas comunidades são casais cristãos que crescem na santidade familiar. Todas as crianças, frutos destes casais, que, participando ou não da catequese, também atuam na Infância Missionária e no serviço dos coroinhas. Elas são germe de um laicato maduro” (cf. Doc 105, nº 3). 

Monsenhor Antônio Catelan, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, orientou nos dias 9 a 11 de agosto, uma formação para os coordenadores de pastoral, movimentos e organismos do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal) e explicou que o papel do coordenador de pastoral na Igreja é fundamental para que a evangelização se concretize e seja eficaz.

Em entrevista, ele elencou os passos e caminhos que precisam ser considerados quando o assunto é conduzir de maneira eficiente uma pastoral, movimento ou organismo, para que as pessoas possam se comprometer e, a partir delas, haver um despertar da fé que brota do testemunho cristão.

Assumir a identidade de cristão, estar convicto da sua condição de católico e estar disponível, é um passo indispensável para ajudar os outros a crescer na fé também, segundo monsenhor Catelan. Ser uma liderança de pastoral, conforme explicou, sempre parte da fé. Por isso, não há como ser uma boa liderança da Igreja sem cultivar bem a própria identidade cristã católica que é o primeiro e mais importante requisito.

COMUNHÃO

Manter uma vida de comunhão com o Senhor que é autor da vida, da nossa história e da nossa caminhada de fé, é o segundo requisito a ser considerado, na visão de Catelan. Isso requer também comunhão com a vida fraterna entre os irmãos. Estar bem com aqueles que integram a pastoral é um passo fundamental no sentido de seguir adiante no projeto de evangelização. “Se o coordenador mantém os agentes daquela pastoral animados, atuando, isso representa uma eficácia para a Igreja”, explicou. “Por outro lado, se o coordenador não coordena adequadamente, o grupo se desfaz ou fica confuso e acaba se perdendo e a pastoral da Igreja perde com isso, portanto, o ministério da coordenação é um ponto chave na vida cristã”, emendou. 

COMPROMISSO

Foto: Fúlvio Costa

O sacerdote explicou que o compromisso germina de uma vida de fé e de comunhão com a Igreja. Cultivando esses dois, o compromisso se desenvolve naturalmente. “O compromisso é fundamental porque é preciso ter claro que o coordenador e toda a pastoral está a serviço da Igreja. Caso isso não aconteça, corre-se o risco de agir em nome próprio. E como ter compromisso sem ter uma vida de fé e comunhão com os irmãos?”. Antônio Catelan argumentou que o compromisso se apresenta também por meio do conhecimento que o coordenador cultiva. “O coordenador de pastoral, movimento ou organismo tem que conhecer o que a Igreja ensina sobre a pastoral em que está inserido. Por exemplo, conhecer a Doutrina Moral da Igreja sobre a dignidade da vida humana, se sou da Pastoral Familiar. Conhecer os documentos da Igreja, se eu for da catequese, para poder transmitir aos catequizandos. Do contrário, a gente tem iniciativas pessoais paralelas”.

DISPONIBILIDADE 

Muitas pessoas desejam coordenar uma pastoral na Igreja e até o fazem, mas a falta de tempo hábil para tal atividade a impede de desenvolver um bom trabalho. Só é possível ser bom coordenador, na visão do monsenhor Catelan, se a pessoa dispor do tempo necessário. Quando não há esse tempo, as atividades começam a ser improvisadas e com isso perde a pastoral, os membros, os cristãos da paróquia ou comunidade e por consequência a Igreja inteira.

PLANEJAMENTO

Só se planeja bem quando se tem tempo. Portanto, este passo depende do anterior para poder ser executado. Catelan explicou que ao planejar, a pastoral caminha com uma base sólida, pois sabe o que deve ser feito agora para colher os frutos que a paróquia precisa a partir de sua atuação. “A pastoral que planeja observa aquilo que falei anteriormente: há uma atuação pelo conhecimento da Doutrina da Igreja. O agir é em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, observando tudo o que ele ensinou”.

ENVOLVIMENTO

Ao envolver os membros da pastoral, o coordenador dá passos significativos no sentido de ajudar todo o grupo. “O coordenador não é quem faz tudo, mas aquele que sabe delegar, que distribui as tarefas e acompanha o grupo”. Esse pode ser um dos pontos mais difíceis a ser executado, segundo o estudioso. “Estamos em um tempo de acentuada individualidade, autonomia e as pessoas não querem assumir compromisso acreditando que assim estarão disponíveis para as oportunidades que aparecem. Há uma espécie de maré contrária à vivência da fé na sociedade atual e buscar um modo criativo e atrativo de envolver as pessoas é o grande desafio do coordenador”, destacou.

DEDICAÇÃO

Estar à frente de uma pastoral não é tarefa fácil. Imagina agora estar à frente de duas, três, quatro, como acontece em muitas paróquias e comunidades. Catelan avalia negativamente o ponto que muitas pastorais chegaram, em ter o mesmo coordenador em várias pastorais de natureza completamente diferentes. “Dedicação a uma pastoral é o ideal para que a sua atuação seja eficiente”, explicou. “O relógio é limitado e só tem 24h. Além disso, os leigos têm família, estudos, trabalho e não é sadio sacrificar a convivência familiar que é a prioridade”. Ele disse que é responsabilidade do padre também observar em sua paróquia quem são os coordenadores de pastorais para que as pessoas não sejam sacrificadas.

FORMAÇÃO

A formação é outra base muito importante, conforme o entrevistado. Ele afirmou que as pessoas só acreditam, amadurecem, se envolvem, se dedicam a algo, se conhecerem aquilo que estão se doando. A rotina semanal não pode ser o norte. Estar atento aos estudos, conhecer os ensinamentos da Igreja, ler os periódicos, notícias e artigos de fontes católicas confiáveis, é indispensável. Ele indicou dois livros que podem ajudar muito no aspecto formativo: um é o Documento 102 da CNBB, “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil – 2015-2019”. Neste estão contidas todas as orientações da Igreja para a evangelização em nosso país. O segundo é a Exortação Apostólica do Sumo Pontífice Francisco, “Evangelii Gaudium – A alegria do Evangelho – sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual”.

Publicado originalmente, no Jornal Encontro Semanal, da Arquidiocese de Goiânia, Ed. 223, de 26 de agosto de 2018

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