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A Formação Permanente de Presbíteros, que aconteceu nos dias 11 a 14 de setembro, recebeu nada menos que um dos mais respeitados palestrantes e consultores do país, o prof. Luiz Almeida Marins Filho (prof. Marins). Para mais de cem padres, entre diocesanos e religiosos, ele tratou de temas relacionados aos desafios do nosso tempo. Graduado em Contabilidade, Direito e História, e pós-graduado em Antropologia na Austrália, o palestrante tem mais de 20 livros publicados, com destaque para dois best-sellers: “Profissão: Vencedor” e “Acredite! Você foi feito para o sucesso”. No Youtube, ele assina o canal Dicas Marins – Motivação e Sucesso.

O Jornal Encontro Semanal, da Arquidiocese de Goiânia, conversou com o professor e apresentou algumas questões interessantes que reproduzimos em nosso site.

ENTREVISTA

É possível elencar as aspirações e angústias do homem contemporâneo?

Estamos discutindo os desafios da contemporaneidade, ou seja, os desafios do mundo contemporâneo. Nunca nós tivemos tantas mudanças ocorrendo ao mesmo tempo na história da humanidade. Fora os desafios, nós nunca tivemos tantas oportunidades, nem sempre atingíveis, mas que estão na nossa frente. Então a ansiedade, a estafa como se chamava antes é muito comum. Por isso precisamos aprender a gestão do tempo, a discernir e distinguir o que seja essencial, o que seja importante, o que seja acidental. Diante de tudo isso, temos que entender que a Igreja Católica tem uma resposta absolutamente válida, e talvez única, para esses desafios da contemporaneidade, porque ciência e religião estão se encontrando hoje. Os padres e os leigos precisam entender como superar esses desafios e passar isso para as suas comunidades.

Por que a Igreja precisa estar atenta?

Porque ela é Igreja no mundo. Se deixar de se atentar para esses problemas, ela deixa de ser Igreja. O seu objetivo é salvar as almas, levar as pessoas para Deus, e por isso precisa estar atenta aos desafios concretos. Não pode ser autorreferenciada, mas deve discutir a sociedade para entender como a proposta do amor cristão enfrenta esses desafios.

A Igreja tem dificuldades em se organizar nas pastorais e movimentos por falta de pessoas dispostas e comprometidas. A que o senhor atribui esse desafio?

Se você for capaz de dizer qual é a empresa, instituição e sociedade que não tem essa dificuldade, eu te dou um prêmio! Todos têm, porque é própria do nosso tempo. É difícil estar em unidade, alcançar metas, estabelecer propostas válidas, unir pessoas, organizar melhor o tempo. A Igreja faz parte do mundo. Não é algo fora. Não é uma realidade da Igreja, mas do mundo. O que precisamos descobrir é como trabalhar essa realidade concreta.

Quais os maiores desafios do nosso tempo para a Igreja?

O desafio da mudança. É muita mudança ocorrendo ao mesmo tempo. Para a empresa é a mesma coisa. Antes uma geração era contada a cada 25 anos, quando, na verdade, uma pessoa crescia e tinha filhos, e vinha uma geração nova. Hoje ela é contada a cada cinco anos. Temos a geração X, Y, Z. Agora a alpha, que é formada por quem nasceu depois de 2010. Esse é o mundo de hoje, muito acelerado, que dá certa angústia nas pessoas. Como o avanço tecnológico é muito rápido, há um descompasso entre o avanço tecnológico e o avanço da moral, da ética, dos costumes, que o ser humano não está acostumado. O ser humano não pula etapas. Uma tecnologia mais veloz significa você dormir menos. O ser humano continua o mesmo de 150 anos atrás, só que agora num ambiente diferente, portanto, desafiador. 

E como o padre se encaixa em meio a essa sociedade acelerada?
Ele é portador do que o povo quer ouvir. Basta entender isso. Só que o padre não está sabendo encontrar o modo de transmitir. O que ele tem é exatamente o que a sociedade quer.

Liderança e gestão são dois aspectos desafiantes para a Igreja. Como usá-los a favor?
O padre é um líder. A paróquia é uma filial de uma grande instituição. O que ela tem a oferecer é esperança, fé, caridade. Mas é necessário usar os meios atuais, modernos. Se a pessoa foi à missa, voltou da mesma forma que foi, ou voltou chateada, o problema pode estar no padre, mas também na pessoa. No entanto, independente de em quem o problema esteja, é resultado desse tempo em que vivemos.