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Escrito em 13/07/2018

América em missão, o Evangelho é Alegria

O tema em 2018 é: “A Alegria do Evangelho, coração da missão profética, fonte da reconciliação e comunhão” que, junto com o lema: “América em missão, o Evangelho é Alegria”

Pe. Estêvão Raschietti, sx

Pe. Estêvão Raschietti, sx

Missionário Xaveriano

 

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Acontece o 5º Congresso Americano Missionário (CAM 5), de 10 a 14 de julho de 2018, na cidade de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia.
 
A caminhada missionária da Igreja na América Latina, rumo a uma progressiva, responsável e original abertura universal, ficou profundamente marcada por esses congressos, inicialmente nominados como Congressos Missionários Latino-Americanos (COMLAs) e que tiveram como origem os Congressos Missionários Nacionais do México. Em 1977, foi celebrado o 1º COMLA na cidade de Torreón, México. Depois foi a vez de Tlaxcala, México (1983); Bogotá, Colômbia (1987); Lima, Peru (1991); Belo Horizonte, Brasil (1995).
 
Em 1999, por ocasião do 6º COMLA em Paraná (Argentina), o congresso abriu suas fronteiras a todo o continente Americano, tornando-se assim o 1º Congresso Americano Missionário (CAM 1). E assim realizou-se o CAM 2 na Cidade da Guatemala (2003); o CAM 3 em Quito, Equador (2008); o CAM 4 em Maracaibo, Venezuela (2013). Finalmente, em 2018, o CAM 5, em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia.
 
O tema em 2018 é: “A Alegria do Evangelho, coração da missão profética, fonte da reconciliação e comunhão” que, junto com o lema: “América em missão, o Evangelho é Alegria”, deseja oferecer um enfoque especial ao objetivo do evento: “fortalecer, nas Igrejas das Américas, a identidade e compromisso missionário ad gentes, anunciando a alegria do Evangelho a todos os povos, com particular atenção às periferias do mundo de hoje, a serviço de uma sociedade mais justa, solidária e fraterna”.
O enfoque especial do CAM 5 é exatamente o motivo recorrente da alegria missionária. Vamos procurar entender, então, a relevância desse destaque para a nossa caminhada.
 
A alegria do Evangelho não é jovialidade efêmera, excitação alienada ou bem-estar espiritual. A alegria do Evangelho não é um estado de espírito meio eufórico, que surge apenas por “ter encontrado Jesus”. O jovem rico também encontrou Jesus, mas não foi embora alegre: foi embora triste (Mt 19,22), porque não foi capaz de sair de si, de se desprender de suas riquezas para assumir a proposta de vida de Jesus.
 
A alegria, portanto, procede do acolhimento profundo do Evangelho: “felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3). Feliz é quem se doa, larga seus bens tornando-se pobre para enriquecer os outros, quem descobre “que a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros” (DAp 360). Isso é definitivamente vida, isso é definitivamente missão: a essência do Evangelho está aqui. Nada abala a alegria dessa revelação mesmo diante das perseguições e das humilhações (Mt 5,11).
 
A alegria do Evangelho, portanto, tem a ver diretamente com a verdade revelada por Jesus, que “veio ao mundo para fazer-nos participantes da sua natureza divina” (AG 3), que “de rico se tornou pobre para nos enriquecer com sua pobreza” (2 Cor 8,9), que “esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de servo” (Fil 2,7). A Igreja é chamada a trilhar o mesmo caminho de doação de Cristo: “o caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação própria até a morte” (AG 5). Esse caminho não é somente para transmitir uma mensagem: ele “é” a própria mensagem de um Deus Amor capaz de morrer por amor. Esse é o conteúdo da missão.
 
A alegria do Evangelho é também dinamismo interior da vida missionária. Não conseguiríamos viver uma vírgula sequer do Discurso da Montanha, se o espírito dessa mesma Palavra não viver em nós. Viver e testemunhar o Evangelho é uma experiência profundamente espiritual, que desvela os nossos limites e que, ao mesmo tempo, revela a força da Palavra atuando em nós: “não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20).
 
E mais do que isso, a alegria do Evangelho é puro e saudável prazer de viver a vida: “a vida em Cristo inclui a alegria de comer juntos, o entusiasmo para progredir, o gosto de trabalhar e de aprender, a alegria de servir a quem necessita de nós, o contato com a natureza, o entusiasmo dos projetos comunitários, o prazer de uma sexualidade vivida segundo o Evangelho, e todas as coisas com as quais o Pai presenteia como sinais de seu sincero amor” (DAp 356).
 
Enfim, a alegria do Evangelho é promessa de um mundo novo, que já está presente no meio de nós, mas não ainda na sua plenitude, ofuscado pelas sombras da tristeza, do pecado e da morte. Por isso, “felizes os aflitos, porque serão consolados” (Mt 5,4), pela certeza de uma promessa que já está se realizando. Papa Francisco em sua nova Exortação Apostólica afirma: “a pessoa que, vendo as coisas como realmente estão, se deixa trespassar pela aflição e chora no seu coração, é capaz de alcançar as profundezas da vida e ser autenticamente feliz” (GE 76). Feliz, portanto, é quem se indigna diante de tantas situações desumanas, estruturas injustas e violências institucionalizadas sem sucumbir à tentação do desânimo, do ódio, da vingança: “a alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio” (DAp 29).
 
A alegria do Evangelho é, portanto, esperança atuante e realista de um outro mundo possível, que se torna mais próxima e solidária lá onde a tristeza da morte parece reinar.
 
Serviço de Informação Missionária ano 46 nº 2 abr./jul. 2018, p. 11

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