Não se improvisa um missionário
As sementes da Igreja Missionária brotam nas comunidades cristãs, primeiras responsáveis pela animação vocacional de seus membros
Se as comunidades forem verdadeiros centros de evangelização pela vivência da fé cristã, com certeza gerarão cristãos ousados, capazes de se levantarem do "sofá" desta sociedade sempre mais individualista.
O PIME acolhe jovens que, após terem conhecimento de Jesus e seu projeto na caminhada de suas comunidades de origem, sentem a necessidade de partilhar a fé cristã até os extremos confins da terra. Tanto a empolgação emotiva e passageira quanto a simples admiração pela missão e pelos missionários são insuficientes para a assunção do carisma do PIME. Dito com outras palavras: não se improvisa um missionário.
Quem escolhe o PIME para servir a missão do Reino de Deus é chamado a percorrer um itinerário que visa harmonizar as dimensões humana, cristã e missionária e que possui como fundamento a pessoa de Jesus Cristo. Meta da obra formativa é “fazer com que Cristo viva no futuro apóstolo e possa continuar nele a missão confiada à Igreja” (Const. 42). O missionário do PIME não é um agente voluntário que atua no exterior. Sua identidade encontra-se na identificação com o Cristo evangelizador e servo da humanidade sofredora.
A vocação missionária requer espírito apostólico até afirmar, como Paulo: “Anunciar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho! Por causa do evangelho eu faço tudo, para dele me tornar participante” (1Cor 9, 16.23). O anúncio do Evangelho não fica, de fato, isento de dificuldades, contrariedades e, inclusive, pode ser causa de morte. Enfim, quem assume a missão de Jesus abraça também a sua cruz.
Tal proposta pode parecer muito exigente aos filhos da nossa época, na qual o mito de uma felicidade exclusivamente pessoal e a custo zero desaconselha o alcance de metas altas. Neste caso vale a sugestão do Pe. Maurilio Maritano (1931-2017), missionário do caminhar é quanto aprendi das montanhas: uma escalada do sopé ao topo é como a trajetória da vida. Há entusiasmo, alegria, fadiga, desânimo e, por fim, realizações e plenitude. É preciso enfrentar as intempéries, o cansaço, levar o mínimo indispensável, descansar pouco tempo e em pé, caso contrário, o desânimo toma conta. E sobretudo sonhar... Sonhar com um mundo diferente, só possível lá em cima”. A missão precisa de sementes que tenham esse perfil.
Revista Mundo e Missão, Março 2019. P.35